quarta-feira, 26 de março de 2014

Drag Queen Tchaka apoia a aprovação da lei 6738/2013 que reserva 20% das vagas concursos públicos federais para negros e pardos parabéns deputado Jean Wyllys

Drag Queen Tchaka apoia a aprovação da lei 6738/2013 que reserva 20% das vagas concursos públicos federais para negros e pardos parabéns deputado federal do Psol pelo Rio de Janeiro Jean Wyllys


Viva! Acabamos de aprovar o projeto de lei 6738/2013 que reserva 20% das vagas em concursos públicos federais para negros e pardos.
Para aquelas e aqueles milhões de “racistas não racistas” e seus preconceitos mal disfarçados que virão com seus argumentos de que é mais uma minoria querendo privilégios, explico o porquê disso não ser uma “ajuda”, e sim uma questão de direitos humanos e dignidade: esta ação afirmativa de reconhecimento e reparação de um processo histórico racista e extremamente opressor, que se reflete na desigualdade salarial entre negros e brancos (mesmo com aqueles com igual nível de escolaridade), é uma forma de acelerar a participação da população negra, ou seja, a maior parte da nossa população brasileira, nos lugares de prestígio do mercado de trabalho.
Negros e negras não estão devidamente inseridos e inseridas em ambientes profissionais. Segundo pesquisa do Dieese - http://bit.ly/1hYQbcL -, negros recebem menos em qualquer comparação que se faça, seja por setores de atividades, seja por escolaridade, e também enfrentam obstáculos que o direcionam para empregos de menor qualificação. Ainda de acordo com o estudo, um trabalhador negro recebe em média um salário 36,11% menor que um trabalhador não negro.
Estes dados só reforçam a segregação racial ainda existente em nossa sociedade. O racismo e a opressão de negros e negras foram tão naturalizadas no Brasil que chegam a ser sutis e praticamente invisíveis aos olhos da sociedade. O racismo produz e reproduz essas diferenças e atua de forma direta também no quadro profissional das empresas e instituições.
A escravidão e o racismo engendraram a - e sobrevivem na - desigualdade social que vitima sobretudo os negros. Nesse país miscigenado, os quase-pretos ou quase-brancos sempre se identificaram com a metade branca da miscigenação pelas vantagens e privilégios óbvios dessa metade; as cotas têm, além de todo o impacto na reprodução da pobreza e da desigualdade que vitima os negros (pretos e pardos), a vantagem de levar uma parcela expressiva da população a se identificar com a metade preta da miscigenação, elevando o orgulho de ser negro ou afrodescendente numa sociedade que sempre desvalorizou e estigmatizou a comunidade negra.
Claro que, se a educação de base brasileira não melhorar, essa conquista pouco faz sentido, mas isso não é argumento de inconstitucionalidade da medida afirmativa e sim motivação e visibilidade ao fato; como disse o Ministro Marco Aurélio de Melo, em seu voto sobre a adoção de cotas raciais para ingresso nas universidades, a meritocracia sem igualdade de pontos de partida é apenas uma forma velada de aristocracia.
E que fique claro: ao contrário do que alguns argumentam contra o projeto, todas as pessoas serão submetidas a todas as provas e entrevistas admissionais para o exercício do cargo. Os critérios serão mantidos e não haverá flexibilização para cotistas. Além disto, como as cotas raciais, as cotas nos servições públicos tem um tempo determinado de vigência de 10 anos.
Mais um passo dado para uma sociedade, de fato, mais justa e igualitária! Caminhemos!

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